5 boas práticas (e os erros comuns) da modelagem financeira

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A modelagem financeira se destaca como recurso essencial para projetar diferentes cenários e subsidiar o planejamento estratégico e orçamentário. Como na hora de buscar calcular os impactos futuros de decisões como cortes de custos, alocação de capital, implementação de projetos e investimentos.

Goldwasser Neto, CEO e cofundador do Accountfy, destaca a importância da análise de diferentes cenários através da modelagem financeira:

“Com a projeção de receitas, custos, despesas e capital de giro, os gestores podem entender melhor o que vem pela frente. Quando você modela isso tudo, comprimindo as informações em cenários diferentes, prevendo o que pode acontecer, você consegue antecipar o impacto no caixa. Assim pode se proteger melhor e ter um suporte na hora que decisões precisam ser tomadas”.

Neste texto, você entenderá o que é modelagem financeira, suas melhores práticas e os erros mais comuns cometidos ao elaborá-la..

O que é modelagem financeira?

Segundo o Corporate Finance Institute, a modelagem financeira é um processo usado para prever o desempenho financeiro de uma empresa no futuro, baseando-se em seus resultados anteriores e suposições sobre os próximos períodos e, assim, avaliar seus riscos e retornos. Pode ser feita através de ferramentas específicas ou planilhas.

Ao realizá-la, são utilizados demonstrativos de resultados, balanços patrimoniais e demonstrativos de fluxo de caixa. Formatos mais avançados de modelagem financeira podem ser elaborados através de demonstrativos adicionais como DFC, aquisição alavancada, fusões e aquisições e análises de sensibilidade, por exemplo.

5 boas práticas para modelagem financeira

No compilado Advanced Financial Modeling Best Practices: Hacks for Intelligent, Error-Free Modeling da Toptal, empresa americana de contratação de profissionais de tecnologia, o expert em finanças Alberto Bazzana, reúne algumas práticas propagadas em Wall Street para executar uma modelagem financeira eficiente, inteligente e minimizando erros:

1. Defina e siga o objetivo da modelagem 

Estabeleça um layout estruturado com os  resultados finais esperados previamente. Reservar um tempo para garantir que os stakeholders discutam e avaliem o projeto evita desvios de objetivos e garante uma previsibilidade mais precisa.

2. Estabeleça prazos para a produção e para a vida útil da modelagem

Uma das principais abordagens para uma modelagem financeira eficiente é elaborar cronogramas a partir da necessidade da previsão. Modelagens de longa duração podem conter quantidades maiores de detalhes operacionais, flexibilidades e recursos de sensibilidade, e o gestor deve avaliar o quão sustentáveis e compatíveis com as mudanças da empresa eles se mantêm ao decorrer dos períodos.

Para modelagens de curta duração, estruturas pré-fabricadas e o uso do rolling forecast podem maximizar sua velocidade de construção e proporcionar maior precisão nas projeções, mas precisam ser revisadas constantemente, pois defasam rapidamente.

3. Organize as estruturas da modelagem

Destacar claramente e separar os inputs das variáveis e hard-codes (valores fixos dentro do código fonte) e agregá-los em guias apropriadas também é uma boa prática, pois facilita a apresentação e a compreensão por usuários que não estejam familiarizados com o modelo, além de permitir sua fácil localização.

4. Simplifique os cálculos

Fórmulas complicadas podem ser substituídas por divisões de etapas mais compreensíveis. Apesar dessa prática resultar em uma planilha maior e com mais linhas, essa abordagem pode facilitar a revisão e a auditoria por terceiros, já que se trata de uma matriz contínua de dados, e não fragmentada em várias guias (ou até mesmo em outros arquivos de planilhas).

5. Crie uma guia de “erros a verificar”

Manter uma constante revisão no meio da construção da modelagem financeira pode custar tempo e retirar o foco de quem está elaborando e procurando entender a origem de determinados erros. Para isso, reunir pontos de atenção (células incorretas, números que não estão batendo, etc.) numa guia, pode ajudar a identificá-los e resolvê-los conjuntamente. 

A rede empreendedora Endeavor, em seu tutorial Nunca mais fique perdido ao construir uma projeção financeira, sugere alguns lembretes para conduzir o processo de modelagem financeira:

  • Listar todas as receitas e desembolsos de cada parte do modelo de negócio;
  • Pesquisar as premissas mais reais possíveis para cada conta da projeção; 
  • Calcular como cada uma se comporta no prazo da projeção;
  • Verificar o alinhamento entre a maturidade do time e o volume de investimento; 
  • Unir as contas em uma visão integrada;
  • Verificar o tamanho do mercado endereçável.

4 erros comuns a serem evitados na modelagem financeira

Victoria Yampolsky, presidente e fundadora da The Startup Station, consultoria especializada em modelagem e valorização de empreendimentos em estágio inicial, identificou os cinco erros mais comuns que os empreendedores cometem ao elaborar suas projeções, após revisar centenas de modelos financeiros em mais de quinze setores,:

1. Usar a geração de números aleatórios para criar projeções

A modelagem financeira é uma representação quantitativa da estratégia definida pelo planejamento, assim como uma ferramenta para medir sua eficácia, e propor números aleatórios pode atrapalhar sua visualização. Para otimizar seu uso, é necessário estabelecer objetivos alcançáveis e formular métricas condizentes para acompanhá-los.

2. Não usar um sumário financeiro

Em geral, a modelagem financeira pode ter várias partes e, para um investidor, compreendê-la totalmente pode levar tempo. Nesse caso, um resumo das premissas e dos resultados pode facilitar processos de due diligence e trazer clareza à apresentação das finanças da empresa.

3. Projetar necessidades de financiamento fora da modelagem financeira

Calcular necessidades financeiras adicionais com base na percepção do que a empresa precisa – em vez de incluí-las na modelagem financeira – pode levantar questionamentos desnecessários por parte dos gestores ou potenciais investidores, além de descredibilizar as projeções feitas.

4. Agregar incorretamente os dados financeiros nas três principais demonstrações financeiras 

Calcular corretamente os números das projeções provindas da Demonstração de Resultados, mas não fazê-los com o Balanço Patrimonial e com a Demonstração do Fluxo de Caixa pode gerar resultados equivocados. Para uma visão financeira confiável do negócio, os três devem ser adequadamente analisados.

 

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