O papel da governança financeira em fusões e aquisições

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 A KPMG, em pesquisa realizada no terceiro trimestre de 2021, afirma que o Brasil atingiu o recorde de fusões e aquisições. O saldo de 1.361 operações representa o maior número da série histórica, que conta com 25 anos de registros.

As transações de fusões e aquisições, também conhecidas como Mergers & Acquisitions (M&A) em inglês, são parte das estratégias de crescimento, consolidação e participação das empresas no mercado. Organizações que se unem, concentram conhecimento, experiência e poder frente aos concorrentes.

Para isso, as companhias precisam ter práticas de governança financeira que garantam transparência e segurança nas operações. Iniciada a transação, as empresas em processo de fusão definem juntas o modelo de governança que utilizarão, enquanto na aquisição essa decisão fica a cargo da compradora.

Continue a leitura e conheça os aspectos que tornam a governança financeira um elemento relevante nas operações de fusões e aquisições.

Aspectos dos reportes financeiros em fusões e aquisições

Em processos de fusões e aquisições, os reportes financeiros fornecem insights sobre a situação das contas da companhia que será fundida ou adquirida. 

O International Accounting Standard Board (IASB) explica que o objetivo dos reportes é “disponibilizar informações financeiras sobre a empresa, que sejam úteis para investidores, credores e potenciais na tomada de decisões relacionadas ao fornecimento de recursos para a organização”.

As operações de M&A demandam análises financeiras criteriosas para que os envolvidos avaliem os riscos e as vantagens da transação. O diagnóstico realizado pelos relatórios traz mais clareza sobre os dados das organizações e eleva a credibilidade das companhias, sendo um instrumento de governança em fusões e aquisições.

A seguir, confira como por que as demonstrações contábeis e os reportes financeiros são importantes em operações de M&A:

DRE e outras demonstrações contábeis

Através da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), os tomadores de decisão em um M&A têm uma visão geral da situação financeira da empresa. Já o Balanço Patrimonial, ajuda na avaliação do comportamento financeiro da companhia e a entender o percurso feito pelos recursos da organização no período.

A Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) mostra como o lucro líquido foi distribuído; a Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC) revela o grau de liquidez das operações; e a Demonstração de Valor Adicionado (DVA) exibe o valor gerado pela empresa no período e distribuição deste entre os agentes responsáveis, como colaboradores e acionistas.

As companhias que não prezam pela qualidade dessas informações em suas demonstrações contábeis podem ter sérios problemas, como a perda de confiabilidade, a diminuição do valor de mercado e até o cancelamento de uma operação de M&A.

Para saber como tirar melhor proveito das análises das demonstrações financeiras, baixe nosso guia gratuito. 

EBITDA

O “Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization” (em português, “Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização”) apura lucros e juros gerados por operações financeiras da companhia.

Através do EBITDA os gestores compreendem a capacidade de geração de dinheiro da organização com seu negócio central ao apurar entradas e saídas financeiras provenientes de créditos e de débitos.

A E&Y afirma que em transações relativamente menores, de empresas que se encaixam no negócio principal do adquirente, os níveis de EBITDA recorrente ou ajustado devem ser considerados como prioridade de diligência. É o caso da aquisição da Pixar pela Disney

Essa métrica sinaliza se a organização está supervalorizada ou desvalorizada, por isso é considerada uma ferramenta relevante no processo de aquisição. O EBITDA ajustado mostra a realidade da empresa com mais clareza e diz se a transação exigirá ou não mais investimentos do que o esperado pelos compradores.  

Clique aqui para saber mais sobre como utilizar os indicadores oriundos da DRE e do EBITDA. 

Avaliação de riscos de corrupção

A avaliação de riscos de corrupção traz mais transparência e credibilidade para as operações de M&A. A Lei nº 12.846, conhecida como Lei Anticorrupção ou Lei da Empresa Limpa, se refere à prática de atos lesivos à administração pública e foi criada para embasar essa análise. 

Uma empresa em processo de fusão e aquisição pode ser responsabilizada por atos de corrupção que a outra companhia tenha cometido. Segundo a legislação, “a responsabilidade da sucessora será restrita à obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano causado, até o limite do patrimônio transferido”.

Organizações que incorporam a avaliação de riscos de corrupção na fase de pré-aquisição conseguem precificar melhor a empresa em análise.

A PwC explica que um programa anticorrupção eficaz permite que as empresas reduzam o impacto dos riscos e mantenham o foco em inovação e competitividade. Os gestores precisam entender como a empresa está em questão de confiança e transparência de suas operações.

Qual é o papel da tecnologia em processos de fusões e aquisições?

A tecnologia contribui com o detalhamento dos dados e com a due diligence em operações de M&A, além de trazer agilidade para os processos.

Os recursos tecnológicos promovem a integração entre as equipes da organização, facilitando a atualização de relatórios. Com documentos precisos e em dia, os tomadores de decisão têm as informações necessárias para insights e deliberações.

O uso de plataformas tecnológicas, como o Accountfy, contribui com a padronização dos processos e centralização dos dados, o que facilita a rotina da área financeira e traz mais transparência aos investidores.

A Harvard Business Review afirma que “a tecnologia pode ter um impacto significativo no sucesso de fusões e aquisições, desde permitir um processo de negociação acelerado e mais bem informado até uma melhor integração pós-fusão”.

O controller financeiro e os processos de M&A

A atuação do controller em uma organização envolve desde questões contábeis a estratégias financeiras. Esses profissionais têm uma visão tática do negócio e focam na precisão das informações e integridade dos dados

Alysson Pedra, controller do Accountfy, explica que “a posição de um controller exige que se tenha o conhecimento técnico para a análise das informações financeiras e contábeis da companhia”.

O controller financeiro atua como um parceiro de negócio nas operações de M&A. Ele faz avaliações rigorosas das contas, analisa os riscos e oportunidades, cria projeções, gerencia a due dilligence, avalia os impactos tributários, estuda as possibilidades de investimento e ainda contribui com as integrações pós-fusão.

Nos processos de fusões e aquisições, o controller se fundamenta no valor da companhia baseado em ativos e caixa (valuation, em inglês) para fazer as recomendações de compra ou venda.  

Saiba mais sobre o atual papel do controller em nosso e-book gratuito. 

Considerações

A governança financeira equivale a um conjunto de boas práticas que permite uma avaliação mais transparente e confiável das empresas em processo de fusão e aquisição.

Seja por relatórios ou normas, o mais relevante é que os tomadores de decisão tenham dados suficientes e uma tecnologia eficiente para analisar a operação de forma profissional e convicta.

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