O que esperar da área financeira nos próximos anos?

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De acordo com a McKinsey, em seu artigo Finanças 2030: quatro imperativos para a próxima década, nos últimos dez anos, a área financeira reduziu os custos em quase 30% e gestores usaram 19% mais tempo em atividades de valor agregado.

Do momento atual até 2030, o objetivo é alcançar níveis ainda mais altos de eficácia, e para isso, os executivos precisam mudar suas prioridades para minimizar erros, impulsionar a velocidade nos fluxos de trabalho e gerar maior precisão. A consultoria destaca quatro pontos de atenção para alcançar essa meta: 

  1. Estimular uma rede integrada de eficiência em todos os níveis da empresa;
  2. Potencializar o papel da área financeira no gerenciamento, consolidação, controle de dados e fluxo de informações a;
  3. Fortalecer a tomada de decisão por meio da adoção de ferramentas e técnicas que auxiliem na visualização de dados e análises avançadas;
  4. Reimaginar o modelo operacional financeiro com o objetivo de promover novas habilidades e capacidades.

 Segundo a KPMG, em seu reporte Futuro das Finanças: A agenda do CFO para um amanhã radicalmente diferente, alguns dos planos e expectativas da área financeira para a década são:

  • 60% a 70% dos processos manuais realizados hoje serão automatizados nos próximos cinco a dez anos;
  • 47% dos CEOs planejam aprimorar mais da metade de sua força de trabalho nos próximos três anos;
  • 63% dos CEOs dizem que precisarão melhorar seus processos de inovação e execução nos próximos três anos.

Confira a seguir mais detalhes sobre o que esperar para a área financeira nos próximos anos. 

Área financeira: o que esperar para o amanhã?

Em seu relatório Finanças 2025: transformação digital em finanças – nossas oito previsões sobre tecnologia digital para CFOs, a Deloitte imaginou o futuro que combina as necessidades de CFOs com as tecnologias disponíveis, fazendo algumas previsões para a área financeira até o ano de 2025:

Blockchain: uma blindagem para os processos da área financeira

Nos próximos anos, a Deloitte acredita que as informações baseadas em nuvem, blockchain, automatização e investimentos em segurança continuarão em ritmo acelerado, mitigando riscos humanos, dispensando o uso de planilhas e mantendo os dados inalteráveis, gerando relatórios mais transparentes e auxiliando na auditoria e compliance. 

A previsão da consultoria não difere de outras análises sobre o setor. A pesquisa Blockchain e o futuro das finanças, feita pela KPMG, estima que o valor comercial agregado pelo blockchain superará US $176 bilhões até 2025 e US $3,1 trilhões até 2030. Ainda será responsável por um aumento de até 40% na eficiência financeira, com o processamento direto em uma única fonte, contribuindo com uma redução de até 95% nos erros, devido à eliminação de livros-razão fora de sincronia.

Rolling Forecast e relatórios instantâneos

Para a Deloitte, os resultados operacionais reportados periodicamente em ciclos serão substituídos por previsões de cenários contínuas e instantâneas. Impulsionada pela tecnologia, a área financeira não irá mais prever mensalmente ou trimestralmente, e sim em tempo real.

A DataRails, em sua matéria As 10 maiores tendências que impactarão o FP&A em 2022, afirma que já neste ano o planejamento financeiro será marcado por essa mudança. Para a empresa de softwares, os relatórios em tempo real já são uma aposta nos Estados Unidos e o FP&A irá acompanhar essa onda em todo o globo.

Novas ferramentas de gestão financeira

Na previsão da Deloitte, as novas plataformas de gerenciamento de performance corporativa e automatização desafiarão o ERP tradicional e outros mecanismos ultrapassados. Capazes de fazer o trabalho manual de maneira inteligente e automática, líderes da área financeira poderão se dedicar integralmente às atividades estratégicas, geração de insights e análises.

Segundo pesquisa feita pela McKinsey, quase 70% das companhias aceleraram a adoção de novas tecnologias e a digitalização de processos e sistemas, principalmente pós-pandemia, e a tendência é que esses números aumentem ainda mais até 2030.

Integração de dados financeiros e de outras áreas

A Deloitte afirma que muitos departamentos financeiros ainda enfrentarão desafios com a desorganização de dados e falta de compatibilidade entre sistemas. Nesse cenário, a proliferação de APIs permitirá uma padronização de dados sincronizados e integrados entre uma ou mais plataformas.

De acordo com a FP&A Trends, em seu artigo Através da lente: finanças em 2025, o modelo operacional de finanças esperado em 2025 trabalhará com uma visualização de dados conjunta, com todas as informações da empresa armazenadas em um só banco.

Profissionais capacitados digitalmente

Na visão da Deloitte, o futuro tem demonstrado tendências para um mercado mais digitalizado, e aconselha a trabalhar para capacitar a força de trabalho com as novas tecnologias que estão por vir.

O Gartner, em suas previsões das 6 maneiras como o local de trabalho mudará nos próximos 10 anos, afirma que o trabalho de maior valor será de natureza cognitiva até 2028.

Para a pesquisa, a demanda por habilidades digitais cresceu 60% nos últimos anos e funcionários terão que aplicar criatividade, pensamento crítico e constante aprimoramento de sua destreza digital para atender a essas necessidades e resolver problemas complexos.

Padronização nos relatórios ESG

O relatório de tendências da Deloitte afirma que hoje, a adoção de padrões ESG tornou-se um

requisito para a maioria das grandes empresas e investimentos fundos. E globalmente, os ativos ESG estão a caminho de ultrapassar US $50 trilhões até 2025.

Um padrão global para relatórios sustentáveis da área financeira tem sido discutido nas pautas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, e com o ESG e investimentos em green bonds em alta, a perspectiva é que nos próximos anos a padronização seja uma realidade.

Segundo a Climatiq, empresa que oferece banco de dados de emissões climáticas de código aberto, além da União Europeia e do ISSB, existem cerca de 30 órgãos reguladores que estão analisando propostas legislativas futuras que reforçam os padrões de relatórios ESG corporativos

E agora, como preparar a área financeira para esse futuro?

Para os diretores da área financeira, será necessário avaliar custos, retorno de  investimentos e os impactos que a transformação digital, otimização de processos e qualificação de profissionais trarão para suas empresas antes de qualquer mudança.

A Deloitte, na CFO Insights – Finanças 2025: você está preparado?, revela como a área financeira poderá se preparar para obter o máximo proveito num mundo digital e como encarar esses desafios.

Adaptar-se é o primeiro passo dessa jornada

Segundo a consultoria, a melhor maneira de as finanças implementarem tecnologias ou novos processos é trabalhar para dominá-las. Na proporção em que amadurecem, os profissionais financeiros devem estar preparados para implantar, lidar e gerir essas ferramentas emergentes.

Segundo a matéria da Strategic Finance Magazine, organizações têm sido bombardeadas com novas tecnologias que surgiram nos últimos anos, tais como cloud, big data, inteligência artificial e blockchain. Nesse cenário, é necessário analisar quais fazem sentido se implantadas e como.  

Priorize o que atende às necessidades da área financeira

Líderes da área financeira devem avaliar qual dessas oportunidades melhor estão alinhadas com as estratégias e objetivos da empresa e se estão preparados para recebê-las e integrá-las aos demais sistemas existentes.

Não ter uma visão clara das entregas de novas tecnologias e novos processos é um dos 6 erros comuns a serem evitados ao fazer investimentos em tecnologia compilados pela Forbes. É importante questionar se os recursos, tanto financeiros quanto técnicos, são suficientes a fim de alcançar o máximo retorno sobre o investimento.

Otimize suas habilidades

Habilidades de liderança, conhecimento técnico e pensamento estratégico servirão como catalisadores do que a área financeira exigirá nos próximos anos, e os profissionais deverão reconsiderar seus papéis.

Joe Atkinson, CTO da PWC nos Estados Unidos, em entrevista para a Financial Executives International, fala sobre as habilidades esperadas do profissional da área financeira: 

“Habilidades de dados, análise, visualização de dados todas são críticas para a função financeira do futuro. Mas também é a agilidade, a “mentalidade de produto” e a compreensão dos conceitos. Essas não são as habilidades que geralmente associamos às nossas funções financeiras, mas, se queremos promover uma transformação verdadeira e duradoura, essas são as habilidades adicionais de que precisamos.”

A BCG, elaborou um infográfico com uma visão de como a área financeira estará esquematizada futuramente, colocando-a como a principal responsável pelo desempenho organizacional.

Segundo a consultoria, para cumprir esse papel, a função do profissional e da área deverá mudar de quatro maneiras principais:

As funções tradicionais do FP&A como previsão, planejamento, orçamento, acompanhamento de KPIs e relatórios ainda irão continuar, mas dessa vez incluindo novas habilidades e escopos de autoridade, trabalhando como uma área não mais isolada, consolidando todas as informações da empresa e as analisando num só plano.

Além disso, a função do planejador financeiro se tornará híbrida, com tecnologias trabalhando a seu favor, proporcionando maior eficiência nos processos e auxiliando na tomada de decisões e na prevenção de riscos. 

Ainda, com ambientes de trabalho que procurarão explorar melhor as capacidades de seus integrantes, o autoaprendizado, capacitação e know-how se tornarão itens valiosos para os profissionais da área financeira nos próximos anos.

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