Mercado da educação e área financeira: tendências e desafios

Tempo aproximado de leitura: 5 minutos

O mercado da educação vem se transformando ano após ano em busca de novas alternativas que melhorem a experiência do estudante, otimizem custos operacionais e rentabilizem seus modelos de negócio. Nesse processo, a área financeira é decisiva na sustentabilidade dessas instituições.

Conforme Censo da Educação Superior, promovido pelo, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2020, o Brasil ocupava a posição de 5º maior mercado de ensino superior do mundo e o maior da América Latina, com aproximadamente 8 milhões de matrículas, sendo que 87,6% das instituições de educação superior são privadas.

Segundo dados do Censo Escolar de Educação Básica de 2020, também promovido pelo Inep, o Brasil possui 47,3 milhões de alunos da educação básica, sendo que 80%, ou 38,7 milhões de estudantes, estão matriculados na rede pública de ensino. 

Continue a leitura e entenda os principais desafios da área financeira no mercado de educação e descubra como a tecnologia fez a diferença na realidade de um importante grupo educacional.

Uma fotografia do mercado de educação

Segundo a pesquisa Números da Educação Privada, divulgada recentemente pela Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) o crescimento do PIB do Ensino Privado entre 2010 e 2015 foi maior do que o crescimento da economia como um todo nesse período. Isso fez com que a participação do Ensino Privado no PIB brasileiro crescesse de 1,42% em 2010 para 1,65% em 2019, totalizando R$ 126,5 bilhões.  

Deste montante, o ensino privado contribuiu com quase R$ 20 bilhões para a Previdência Social e para o FGTS. Além disso, cerca de 3,4% de todos os empregos formais no setor privado brasileiro estão na área educacional e este número segue crescendo. 

O portal de finanças TradeMap, em seu Relatório de 2021 sobre o Setor Educacional, destaca alguns propulsores para esse crescimento:

  • Retomada da economia, puxando o aumento da base de alunos;
  • Alta demanda latente por qualificação acadêmica;
  • Grande relação entre nível de escolaridade e renda;
  • Incentivos governamentais à formação superior;
  • Aumento contínuo de investimentos privados;
  • Demanda por novos cursos e tecnologias.

EAD e Edtechs impulsionam o mercado de educação

Tecnologia e educação nunca se conectaram tanto como atualmente: o ensino a distância (EAD) tem sido um importante acelerador do crescimento deste mercado, pois já superou, pela primeira vez, o ensino presencial por número de ingressantes em 2020.

A EY afirma que dos mais de 3,7 milhões de ingressantes em 2020 (em instituições públicas e privadas), acima de 2 milhões de alunos (53,4%) optaram por cursos a distância e 1,7 milhão (46,6%) escolheram os presenciais.

Fora do Brasil, este cenário também é favorável à economia. É o que aponta a matéria publicada na americana Forbes. Segundo a publicação, o segmento de EAD nos EUA deverá movimentar em torno de US$ 325 bilhões em investimentos até 2025.

Quanto às Edtechs, startups que unem tecnologia à educação, os números crescem a cada dia. De acordo com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), as edtechs representam hoje o maior segmento entre as startups brasileiras. Os dados mais recentes da entidade, reunidos no Mapeamento de Comunidades 2020, contabilizam 566, sendo que a maior parte delas (58,7%) está localizada na Região Sudeste.

Tendências globais até 2030

Relatório da consultoria EY aponta sete tendências em educação superior baseadas na transformação digital que podem ser adotadas globalmente até 2030, sendo estas:

Plataformas digitais reduzindo o custo de aprendizado, até cair para zero;
– Jornadas de estudo ainda mais flexíveis e customizáveis;
– Provedores e gestores de educação mais cobrados por resultados;
– Universidades mais transparentes com relação às suas entregas;
– Tecnologia como aliada na promoção da equidade educacional;
– Soluções educacionais cada vez mais personalizadas;
– Linhas de pesquisas com maior incentivo financeiro.

“É hora de começar a nos indagar e olhar para as oportunidades que a pandemia trouxe. É hora de repensar como, onde e para quem a educação superior é entregue”, afirma Catherine Friday, líder global de educação da EY  

Principais desafios da área financeira no mercado de educação

Mesmo que esteja atravessando um cenário de transformação digital, o setor da educação precisa evoluir em diversos aspectos na área financeira. Confira os principais desafios:

– Cultura organizacional não voltada à inovação;
– CFO e departamento de FP&A ainda pouco atuantes;
– Excessivo consumo de tempo com processos manuais;
– Ausência ou baixo índice de digitalização nos processos;
– Falta de integração e automatização das informações financeiras;
– Lentidão na consolidação das empresas controladas;
– Ausência de práticas de governança financeira e compliance;
– Baixos índices de segurança e privacidade de dados;
– Ausência de ações e ferramentas de modelagem financeira.

Tecnologia como aliada da área financeira

Fundado em 2003, em Recife, o Grupo Ser Educacional é um dos maiores grupos de ensino superior do Brasil, com uma base de mais de 300 mil alunos e mais de 2.400 cursos. 

Hoje, além do grande número de unidades, a estrutura do grupo conta com mais de 300 polos de ensino à distância, levando a marca para 26 estados e Distrito Federal, contando com mais de 12 mil colaboradores e outras empresas de apoio, o que torna imprescindível à empresa manter a qualidade do ensino e as contas em dia.

Cenário antes do uso da tecnologia na área financeira

Antes do emprego das soluções tecnológicas, o Grupo Ser Educacional enfrentava dificuldades na consolidação das informações das suas mais de 70 empresas, já que a integração de dados era feita manualmente, em planilhas e em conjunto com um ERP, o que consumia muito tempo e esforço da equipe financeira. 

Após a consolidação ainda havia outro desafio: a ferramenta utilizada para o acompanhamento de resultados não estava atendendo às necessidades de expansão do Grupo. Sem a visualização adequada das informações financeiras de toda a estrutura, o planejamento financeiro ficava desfalcado.

“Antes era necessário subir todas as informações no sistema para visualizá-las. Hoje nós lançamos informações brutas e a ferramenta faz isso tudo pra nós de forma dinâmica. O ganho foi imensurável”, diz Diego Ricelle, analista de planejamento financeiro sênior do grupo.

Toda esta governança foi obtida devido à inteligência contábil de uma plataforma de CPM  capaz de integrar diversas soluções em uma, além da implantação e suporte especializado por profissionais de finanças.

Tecnologia para ampliar a competitividade

João Furtunato, gerente de planejamento financeiro do Grupo Ser Educacional, afirma que o principal desafio de trabalhar no mercado de educação é a competição por preços.

“Alinhar investimentos em marketing no orçamento e estimar seu ROI é uma das principais etapas do planejamento. Tudo isso enquanto há a preocupação de não desfalcar o caixa, o pagamento dos educadores e os serviços prestados à instituição.”

Ele diz que, com a tecnologia, é possível usar a modelagem para simular índices que auxiliam o gestor a avaliar quanto desconto deve oferecer a um estudante para conseguir uma matrícula, quanto investir em marketing ou quantos ajustes serão necessários nas estruturas, por exemplo.

Furtunato, que possui formação na área financeira e também na de tecnologia, diz que a junção dos dois mundos foi essencial para a evolução na forma de trabalhar e visualizar os dados. Para ele, isso faz diferença principalmente na hora de apresentar os resultados para investidores e nas aquisições.

George Arruda, especialista em planejamento orçamentário do grupo, acredita que a digitalização dos processos e o uso da ferramenta tem um peso e importância significativos para o momento de expansão e crescimento do grupo. Para ele, o investimento já está representando economia de tempo, rapidez em análise, amplitude, visão e disseminação da informação.

Tecnologia para uma gestão de ponta a ponta

Segundo Furtunato, o investimento em tecnologia também facilitou a integração contábil, algo que antes demandava servidores internos, gerenciamento de acessos e outros apontamentos. 

Com uma plataforma de CPM permite a redução da disparidade entre os dados provindos da pós-aquisição, sendo que um dos principais pontos de otimização de tempo foi nas publicações das atualizações financeiras, antes feitas em ferramentas de texto. Atualmente, as tabelas e as informações da consolidação já são estruturadas automaticamente, bastando apenas a revisão, afirma.

O Grupo Ser Educacional já utiliza todos estes benefícios tecnológicos de forma colaborativa, permitindo que as empresas espalhadas por todo o país tenham acesso às informações. Ao mesmo tempo, para garantir a segurança e a privacidade desses dados, a plataforma permitiu que os administradores estabelecessem limites na visualização e alteração.

 

Conteúdo
    Pesquisar

    Principais assuntos

    Add a Comment

    Your email address will not be published. Required fields are marked *

    dez − 1 =

    Veja também